quarta-feira, 30 de abril de 2008

Bittersweet Symphony

Vou à janela fumar um cigarro. Entre os desenhos abstractos que o fumo esboça no ar e a brisa fria que me refresca a pele e a mente, penso em ti. Olho para o céu, e o tecto de estrelas que me abraça na varanda traz-me um retrato ténue da tua cara, a olhar para mim, com aquele sorriso que só tu sabes sorrir. Sinto-me numa encruzilhada. Quero voar até ti, quero abraçar-te, dizer-te tudo o que sinto sem palavras, apenas e só com o toque do meu corpo. Mas os meus pés estão presos ao chão desta minha realidade, com pregos que sangram saudade. Olho em volta e o teu cheiro invade-me os sentidos todos... fecho os olhos e entrego-me a este momento perfeito, sem pensar em mais nada. Arrepio-me por breves segundos, ao recordar as tuas mãos, como se de repente me tocasses levemente, e me puxasses para junto de ti. A tua voz soa dentro dos meus ouvidos; ouço a tua gargalhada, o teu tom tímido e o teu tom atrevido; ouço dizeres palavras que, por momentos, me devolvem a paz perdida entre os dias que passam. Cheiro-te, vejo-te, sinto-te, ouço-te. Mas sem nunca estares comigo. Memórias de ti, que me adoçam o coração, enquanto me amargam a alma.

Serigaita B.

1 comentário:

100 remos disse...

São asas, senhora. São asas!