Vou à janela fumar um cigarro. Entre os desenhos abstractos que o fumo esboça no ar e a brisa fria que me refresca a pele e a mente, penso em ti. Olho para o céu, e o tecto de estrelas que me abraça na varanda traz-me um retrato ténue da tua cara, a olhar para mim, com aquele sorriso que só tu sabes sorrir. Sinto-me numa encruzilhada. Quero voar até ti, quero abraçar-te, dizer-te tudo o que sinto sem palavras, apenas e só com o toque do meu corpo. Mas os meus pés estão presos ao chão desta minha realidade, com pregos que sangram saudade. Olho em volta e o teu cheiro invade-me os sentidos todos... fecho os olhos e entrego-me a este momento perfeito, sem pensar em mais nada. Arrepio-me por breves segundos, ao recordar as tuas mãos, como se de repente me tocasses levemente, e me puxasses para junto de ti. A tua voz soa dentro dos meus ouvidos; ouço a tua gargalhada, o teu tom tímido e o teu tom atrevido; ouço dizeres palavras que, por momentos, me devolvem a paz perdida entre os dias que passam. Cheiro-te, vejo-te, sinto-te, ouço-te. Mas sem nunca estares comigo. Memórias de ti, que me adoçam o coração, enquanto me amargam a alma. Serigaita B.










Este fim-de-semana vi um filme que me pôs muito contentinha (que é um dos meus estados preferidos, caso não saibam - adoro estar contentinha). Dan In Real Life é uma comédia, sem peidos, nem vómitos, nem depilações a homens, nem trambolhões por tudo e por nada, apesar de ter o Steve Carell. É daqueles filmes em que damos por nós a rirmo-nos de uma cena e de repente pensamos "autch... realmente a vida é mesmo assim". Quantos de nós não tivemos já um amor impossível, intocável, complicado, que nos faz agir como se tivéssemos 15 anos outra vez, e que nos faz dizer as coisas mais estúpidas, nos momentos mais errados? Ah pois é... Quantos de nós não temos ainda? Bingo! No geral, gostei bastante do filme; as personagens, as falas, o cenário, tudo se conjuga de uma forma muito harmoniosa e faz-nos esquecer por momentos que estamos a ver uma comédia americana. Aconselho vivamente. Retiro do filme uma cena que, para mim, tem este significado: quando as pessoas à nossa volta estão a atirar os seus problemas em forma de pedrinhas para o lago, chegamos nós e atiramos, literalmente, um calhau, porque às vezes estamos demasiado absorvidos na dimensão dos nossos quês. Liberta, mas não resolve. O melhor é mesmo arregaçar as mangas e ir à luta. Quem sabe, se não conseguimos alcançar o nosso próprio jogo de bowling? 






