Last Goodbye

Sei que, para muitos, esta é uma época feliz, de alegria e união. Respeito, acreditem que respeito imenso. Para mim, porém, este natal tem sabor a perda, a luto, a dor. Ainda nem cheguei à fase das memórias... Nem acredito ainda, quando passo e olho para a tua casa, que não estás lá, tia... que não vens à porta fazer-me adeus. Foste uma pessoa boa, bondosa talvez demais. Viveste a tua vida independente, sem maridos, nem filhos para te apoquentar a cabeça. Tinhas os sobrinhos que amavas como se fossem teus filhos. Eu senti esse amor, toda a minha vida. Retribuí-te o mais que pude e soube. Desculpa se não te disse mais vezes o quanto te amava e o quanto foste importante para mim. Sei que partiste em paz, como desejavas, sem dar trabalho a ninguém, sem sofrer... nem deste por isso. Eu vi, eu estava lá ao pé de ti, a olhar para ti e a pensar com toda a força que tenho "estou aqui, tia, estou aqui contigo". Os teus últimos suspiros, o momento em que te foste, nunca irei esquecer. Desde sábado que tenho essa imagem na mente a todo o momento. Acho que ficavas feliz por saber que eu estive lá até ao teu fim. Eu fico tranquila por ter estado lá... Mas... ainda não acredito que te foste, tia. A minha vida não vai ser mais a mesma depois de te ter perdido. Podem dizer-me todas as palavras do mundo, que esta dor não acalma, este vazio não desaparece e as lágrimas teimam em espreitar a cada instante em que me apercebo que já não estás cá. Mas quiseste ir, achaste que estava na hora. Só desejo, do fundo do meu coração, que estejas num sítio melhor. Descansa em paz, tia. Amo-te.

Serigaita B.